Poemas de Anacreonte
Natural de Téos, Ásia menor, Anacreonte viveu entre os séculos VI e V a.C. Frequentou a corte de Polícrates, em Samos, e, quando este foi…
Natural de Téos, Ásia menor, Anacreonte viveu entre os séculos VI e V a.C. Frequentou a corte de Polícrates, em Samos, e, quando este foi assassinado pelos persas em 522, mudou-se para Atenas, onde participou da corte do tirano Hiparco.
Foi bastante popular, tanto em vida quanto depois de sua morte. Máximo de Tiro dizia que até mesmo as crianças o amavam por suas palavras doces e cantos graciosos.
Não se pode dizer, com Ateneu, que ele fez depender toda sua arte literária da intoxicação, mas, sua poesia, em boa parte dizia a respeito ao vinho, aos banquetes e ao amor (Antípater da Sidônia, na Antologia Palatina, o apresenta como um devoto das Musas, de Eros e Dioniso).
Apresento aqui algumas traduções minhas de uns fragmentos breves de sua poesia. O primeiro deles, o fr. 505d, aparece citado nos Stromata, 6, 14, 7, de Clemente de Alexandria:
o amor o delicado
brotando com diademas
de muitas flores quero cantar
ele! dos deuses soberano,
ele! que subjuga os mortais.
O fr. 396, citado por Ateneu (que Demétrio, em seu Sobre o Estilo, afirma ter um ritmo semelhante ao de um velho embriagado):
traga água, traga vinho, jovem! traga floridas para nós
as coroas, para que eu lute contra o Amor.
O fr. 398, que aparece nos escólios a Homero:
os dados do Amor são
a loucura e o tumulto.
O fr. 385, preservado em Estobeu:
grisalhas já estão
as temporas e branca a cabeça
e não mais a graciosa juventude
está conosco — velhos estão os dentes,
e não da doce vida
muito tempo resta
por isso choro
sempre o Tártaro temendo
é terrível do Hades
as profundezas, dolorosa até ele
o caminho de descida — e é certo
que o que para lá desce não sobe mais.
(Publicado pela primeira vez no blog Escamandro, abril de 2014).